Conversámos com o sr. Augusto Lobato Neves, diretor da Editora RH, sobre as principais questões que envolvem a área de Recursos Humanos nos dias de hoje e o trabalho desenvolvido pela editora neste cenário.
Ele é mestre em Políticas e Gestão de Recursos Humanos pelo ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e licenciado em Psicologia (Área de Psicologia Social e das Organizações) pelo ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Foi quadro superior da TAP durante mais de 30 anos. Fundou a revista RH Magazine, da qual foi diretor executivo durante mais de 10 anos. É fundador da Editora RH, empresa da qual é sócio-gerente e diretor geral há cerca de 27 anos. Com artigos publicados em revistas especializadas, publicou, ainda, o livro Motivação para o trabalho (1998) e foi coorganizador da obra Gestão de Recursos Humanos de A a Z. (2012).
Primeiramente, gostaria que o senhor nos contasse com que motivação foi criada a editora.
A Editora RH foi criada tendo em linha de conta uma lacuna que havia no mercado livreiro português. Praticamente não se editavam quaisquer livros em Portugal nas áreas da gestão dos recursos humanos e do comportamento organizacional. As poucas obras que se podiam encontrar nas livrarias eram em português do Brasil e, ainda assim, muito escassas.
Dado que na altura havia muitas pessoas que tinham concluído os doutoramentos ou mestrados e queriam publicar as respetivas teses, não foi difícil encontrar originais. Ultimamente, têm sido, também, alguns consultores e gestores, bem como profissionais da gestão do capital humano que nos têm procurado para editar obras que refletem as respetivas vivências.
A Editora RH só edita originais e cinge-se ao universo dos recursos humanos e áreas conexas.
Com toda a vossa experiência com o conteúdo ligado à área de Recursos Humanos, quais são os principais desafios que os profissionais de RH enfrentam neste momento?
A gestão das pessoas é sempre difícil em qualquer contexto. Os profissionais de RH gerem não só o ativo mais valioso das organizações, mas, também, aquele que é preciso atrair, desenvolver e reter. Hoje, muitas empresas confrontam-se seriamente com a atração de talento. Por outro lado, existem nos sectores industriais e também na área dos serviços empresas que se queixam de que não encontram profissionais qualificados para recrutar. É aos gestores de recursos humanos que são pedidas estratégias de employer branding e programas de retenção.
Por outro lado, a incessante evolução tecnológica transforma rapidamente os conteúdos das funções e a própria forma de trabalhar. O trabalho remoto, hoje, é possível em muitas atividades. O teletrabalho foi uma forma de ultrapassar as dificuldades da pandemia, mas é cada vez mais uma prática corrente das empresas e seus colaboradores.
Também é de acentuar que a inteligência artificial (IA) está a revolucionar a forma de se trabalhar e do próprio conteúdo do trabalho. Muitas profissões irão ser afetadas pela IA, e outras há em risco de verem os profissionais substituídos por este tipo de tecnologia. Por outro lado, a IA tornará o trabalho mais simples e mais rápido.
Neste contexto de mudança acelerada, incerteza e complexidade, a missão do gestor de recursos humanos é particularmente difícil.
Com relação ao Congresso RH, organizado pela Editora, como surgiu esta ideia e quais são as mudanças que desejam ver no ambiente de trabalho?
O Congresso RH procura ser um espaço de encontro, debate e networking de profissionais, consultores e alunos no âmbito da gestão das pessoas. Trata-se de um evento promovido pela Editora RH já há alguns anos. E pretende afirmar-se como uma oportunidade de diálogo privilegiado entre gestores globais e profissionais da gestão de capital humano que procuram estar a par do que mais relevante, pioneiro e inovador acontece neste domínio. Essencialmente, damos a conhecer tendências e promovemos a apresentação e discussão de casos práticos de sucesso empresarial.
Procuramos, ainda, sensibilizar para a necessidade de as empresas e outras organizações colocarem a saúde e a felicidade organizacional no centro das preocupações da gestão. As empresas e outras organizações que constroem espaços de maior humanidade obtêm melhores resultados. Vários estudos têm vindo a demonstrar sistematicamente a existência de uma relação virtuosa entre a saúde e o bem-estar das pessoas e a produtividade no trabalho.
É claro que ser feliz no trabalho não significa não ter problemas, mas, o que, em vossa opinião, precisa mudar na dinâmica organizacional para que o ambiente seja mais positivo?
A felicidade organizacional tem impacto direto na sustentabilidade das organizações. O comprometimento organizacional é muito maior nas empresas em que a satisfação e a motivação dos colaboradores são elevadas. Para o efeito é necessário criar uma dinâmica organizacional em que haja comunicação aberta a todos os níveis e uma filosofia de investment people, dando às pessoas oportunidades para usarem todos os seus talentos e capacidades no trabalho. Uma cultura de projeto, aprendizagem permanente, metas desafiantes e enfâse num sentimento de pertença são requisitos fundamentais.
Por Cristine Rocha
Agradecimentos:
Sr. Augusto Lobato Neves, diretor da Editora RH.
Acompanhe o trabalho da Editora RH em www.editorarh.pt
Conheça e participe do Congresso RH 2023. É já no dia 20 de abril e, desta vez, acontecerá em Coimbra.
Saiba mais sobre as nossas talks e palestras sobre Liderança Responsável.
Faça nosso curso Inteligência Emocional no trabalho – Lidere sua mudança
Siga a nossa Linkedin Page.