Um estudo revelou que é mais provável que tenha mais empatia quem nunca passou pela mesma situação que você está a viver do que alguém que já vivenciou o mesmo ou algo semelhante. Surpreendente, não é mesmo?
No artigo intitulado “A empatia é mais difícil quando já estivemos no lugar da outra pessoa”, os autores Rachel Ruttan, Mary-Hunter McDonnell e Loran Nordgren falam sobre a investigação e citam o exemplo a seguir para explicar os resultados obtidos.
A resposta pode não ser tão óbvia
Uma mulher que teve filho há pouco tempo e está exausta e com dificuldades em manter seu desempenho no trabalho pede para a sua supervisora para ficar um tempo em teletrabalho. Uma das supervisoras teve filhos enquanto subia na hierarquia da empresa e outra não. Qual seria mais provável de ter mais empatia neste caso?
Muitos de nós responderiam que a supervisora com filhos entenderia melhor a situação e, por isso, teria mais empatia. A pesquisa, no entanto, revelou que não. No decurso da investigação, ficou claro que as pessoas que enfrentaram problemas parecidos no passado apresentavam menos probabilidade de ter empatia por alguém que estivesse a passar agora pelo mesmo.
A razão para isto acontecer
A explicação está, segundo os autores, em dois factos psicológicos. O primeiro tem a ver com a dificuldade que as pessoas têm em lembrar-se com detalhes das adversidades pelas quais passaram. Por este motivo, podem subestimar quão dolorosa a situação foi no momento. A este fenómeno dá-se o nome de lacuna de empatia.
E o segundo está relacionado com o facto das pessoas que ultrapassaram um determinado problema com sucesso convencerem-se de que sabem exatamente como a situação é difícil. Com isto, as pessoas deixam de considerar a perspetiva do outro e passam a fazer a análise baseadas somente em suas próprias sensações e atitudes.
“Não lembrar o quão difícil foi uma experiência vivida” somado “a pessoa saber que venceu o desafio e ultrapassou o problema” cria a ideia de que se trata de algo facilmente solucionável. Algo como: “se eu consegui, você também consegue”.
Conhecer este estudo nos ajuda a perceber onde podemos encontrar mais empatia quando precisarmos dela.
Por Cristine Rocha
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