Em primeiro lugar, para podermos falar sobre autorregulação, é preciso responder às seguintes questões: será que nós somos muito mais razão do que emoção? Será que o nosso cérebro é tão racional quanto pensamos?
Na realidade, estudos da neurociência revelaram que se nosso cérebro fosse um órgão tão racional quanto pensamos, ao estarmos em um situação de perigo, como um carro em alta velocidade a vir em nossa direção, pararíamos e faríamos todos os cálculos relacionados à velocidade e ao tempo para saber se tal veículo nos magoaria. Ao invés disto, como é óbvio, apenas tratamos de fugir e depois pensamos.
As emoções estão, portanto, ligadas a nossa sobrevivência. O que acontece é que, por vezes, o sistema de luta ou fuga é acionado mesmo sem estarmos em uma situação de perigo real. É a manifestação do que conhecemos como ansiedade ou transtorno de ansiedade, que é quando este sistema não está a funcionar como deveria, digamos assim.
Para que consigamos equilibrar as emoções, é preciso, antes de tudo, um exercício de autoconsciência, para percebermos o que se passa dentro de nós e o porquê de estarmos a agir de determinada maneira.
E aí entra o papel da atenção plena, que nada mais é do que uma prática que nos leva a estar no aqui e agora, com todas as sensações que o momento nos traz.
Estes exercícios de atenção plena (ou mindfulness) não exigem, necessariamente, que você esteja de olhos fechados ou sentado com as pernas cruzadas. Basta que você esteja com o foco na sua respiração, que é a âncora que o ajudará neste processo de concentração no momento presente.
Atenção plena no trabalho
A prática continuada da atenção plena, como já comprovado pela ciência, auxilia-nos a ter um melhor desempenho no trabalho e uma maior sensação de plenitude e bem-estar.
Os benefícios desta prática, seja feita antes de reuniões importantes ou de começar a desenvolver um novo projeto, estão mais do que comprovados por pesquisas das principais universidades do mundo.
Os exercícios de atenção plena promovem uma maior consciência e auxiliam na manutenção do foco, o que é fundamental diante de um mundo de distrações. Além disso, ajudam no controlo de impulsos, o que beneficia, sobretudo, os relacionamentos dentro do ambiente de trabalho.
Para incluir esta prática em seu dias, você só precisará de uns minutos de respiração calma e consciente. É simples, de graça, não requer um sítio específico, e as ferramentas estão consigo a todo momento. Você já faz a sua pausa para o café e para beber água. Inclua uns minutos para esta prática que só trará benefícios para si e para o seu trabalho.
Autorregulação e o funcionamento do cérebro
Para percebermos o conceito de autorregulação, é preciso que se explique, antes, o funcionamento do nosso cérebro e os mecanismos que estão em ação.
Vamos falar de duas partes cruciais para este processo: a amígdala e o córtex pré-frontal. A amígdala é ligada aos nossos impulsos e emoções, e o córtex pré-frontal ao nosso sistema cognitivo, ou seja, o lado mais racional e lógico.
Se estamos diante de uma situação de potencial perigo, como, por exemplo, estarmos a ver uma sombra grande e assustadora no meio da floresta, nossa amígdala aciona o impulso de fuga rapidamente. Mas, após algum tempo, o córtex pré-frontal entra no processo. Você racionaliza, decide verificar e percebe que, na verdade, não era um urso, mas, sim, um ramo de uma árvore.
Assim deve acontecer em nossas vidas. A partir do momento que nós percebemos que podemos questionar os nossos pensamentos, nós conseguimos regular as nossas emoções. No entanto, para isso, você precisa sair do “sequestro do amígdala” (termo trazido pelo psicólogo Daniel Goleman) e ativar o seu sistema lógico. Mas, como podemos fazer isto?
Respirando.
Comece a exercitar
Inspire e expire lentamente, com ou sem ajuda de contagens. Isto ajudará você a voltar à razão e a perceber se realmente está a regular as suas emoções ou a ser controlado por elas.
Existem pessoas que fazem, também, este exercício enquanto comem, concentrando-se no sabor de cada alimento e mastigando com calma, sem interferência de telemóveis e afins.
O importante é que você pratique a atenção plena, e, certamente, verá os resultados de uma autorregulação mais eficiente. Com isso, terá um comportamento menos impulsivo e mais condizente com a realidade.
Por Cristine Rocha
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