Quando se fala em liderança, a primeira coisa que nos vem a cabeça é a imagem de uma pessoa a comandar uma equipa, mas, na verdade, este é um passo que vem só depois de outros tão ou mais importantes.
Para formar uma equipa e liderá-la, um líder precisa, antes, ser capaz de liderar a si mesmo. É impossível liderar sem ter pleno conhecimento de seus próprios limites e valores.
Existe uma perspetiva muito interessante que é a seguinte. Se pudesse olhar para o seu chefe e imaginá-lo criança, diria que teve uma educação onde lhe foram apresentados limites e respeito às regras da vida em sociedade, ou diria que lhe foram feitas vontades a mais?
Os estudos acerca da liderança nos levam para a análise desta fase da vida para percebermos que a nossa capacidade de respeitar as diferentes formas de pensar, controlar nossas emoções e de termos como certo que não somos o centro do mundo está diretamente ligada ao que aprendemos na infância.
É claro que não significa que não possamos fazer um esforço para aprender na vida adulta. Não podemos voltar no tempo, mas podemos fazer uma análise de nós mesmos e de nossas capacidades em um exercício contínuo de autoconhecimento.
Um líder disposto a voltar seu olhar para dentro será capaz de olhar para os outros sem projetar neles suas frustrações e ansiedades.
Além do reconhecimento dos próprios limites, o autoconhecimento e a autoliderança fazem com que haja um aumento da segurança sobre as próprias capacidades e valores. Um líder seguro não olha para os membros de sua equipa como uma ameaça, mas, sim, como parceiros na busca por resultados positivos para a organização.
A comunicação é outro fator fundamental para o exercício de uma boa liderança. O ambiente de trabalho é um lugar onde há tanta diversidade que é preciso que um líder saiba comunicar-se com pessoas diferentes nos mais diversos contextos, e esteja preparado para lidar com constantes mudanças.
Para isso, é imprescindível que tenha controle de suas emoções, para não despejar na sua equipa os resultados de um desequilíbrio interno, afinal, é preciso lembrar que nossas ações têm efeitos na vida de outras pessoas.
Portanto, não há autoliderança sem um trabalho prévio de autoconhecimento, e não há capacidade de liderar os outros sem aprender a liderar a si mesmo. Ter isto em mente significa que, ao pensar em liderança, as empresas devem olhar para as equipas e, também, observar a forma de ser e estar de seus gestores.
É necessário perceber se eles têm a real capacidade de liderar a si e aos outros, não só com relação aos números que conseguem alcançar, mas analisar a capacidade que eles devem ter de criar e manter um relacionamento saudável com seus liderados.
Leia, também, o nosso artigo sobre as diferenças entre líderes e chefes.
*Por Cristine Rocha